domingo, 29 de junho de 2014

Queria que fosses... Alteza

Queria que fosses terra nunca antes plantada
Que fosses da minha dor Alteza fera
Que fosses, salutífera, da minha cura a Quimera
Que fosses Fortuna nunca antes amada
                                           
Queria que fosses a lira por Orfeu destinada
Que fosses a Lei que me assenta à Terra,
Que fosses do meu sossego a eterna Guerra,
Que fosses por meu dano a Cleopatra criada

Queria que fosses astro que conserta meu Plutão
Que fosses Justiça que Aristeu condenou
Que fosses da vida a indesvendável Razão

Queria que fosses pra mim O que Atlas segurou
Que fosses a fé que ungiu Abraão

Que fosses a dor que Romeu o matou

Eu sou deus... Meu Deus!

Eu sou deus… meu Deus!
Criei meu eu sem e para os seus,
Meu mundo, minha dor, todos os meus
As minhas estrelas, astros e lua, todos os céus
Meus amores, minhas dores e cada adeus
As minhas lágrimas que alimentam o meu Amadeus
Meu Deus, meu Zeus!
Criei a cruz e os pregos para morrer com erros teus
Criei perdão e justiça pra quem padece nos bancos réus
Sou deus… meu Deus!
Criei os santos da minha mente e o Profeta Matheus
Vi nascer, sem os tocar, os Demónios e Prometheus
Criei as datas solenes e todos os meus Jubileus
Houve conflitos na minha mente e nasceram os meus ateus
Domei os todos com a minha razão e os fiz meus Judeus
Sou Deus… meu Deus!
Sou meu salvador e das almas dos plebeus
Criei a minha religião sob a fé como os hebreus
Luto por mim com armas fortes de todos os filisteus
Eu sou Deus, meu Deus!

Criei o meu eu e todos os “meus”.

O Homem não me entende

Vivo tão claro que o Homem não me entende. Quanto mais pressiono a minha razão, mais longa ela estende e vai se distanciado do real (real absoluto) para O entender. Talvez por ser tão alto vejo a terra mais achatada nos pólos e menos incolor na sua rotação, vejo a clara e escura como dia e a noite, Vejo a inclinada da forma mais exata para que a mente do homem adapte a cada estação, vejo a transladar guardando 1/4 do seu dia para que possamos viver mais um dia a cada 4 anos. Eu vivo como a terra, simples e rotativo, o homem devia viver simples e rotativa em relação aos seus objetivos e trasladar em torno luz que dá razão à sua vida... Tudo como a terra... Não desperdiçar 1/4 que seja do dia porque poderá fazer falta para completar a semana.... Tudo como a terra, pensar o hoje e realizar o amanhã. Tudo como a terra, viver cada segundo para que o minutos, as horas e os dia valham a pena... Tudo como a terra, menos que o Homem escreva o meu passado, dite o meu presente e realize o meu futuro. Tudo como a terra: simples e natural!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tantas vezes que não fostes Tanto amor

Ouve só, nesses versos, clamor
Matas-me toda Vida que dás vida
Se morri, foi a vida que me foi tanta dor
Se vivi, foi a morte tanta vez sucumbida

Tantas vezes que não fostes tanto amor
Ouve só, imenso, tantas águas desse rio
Fui Mar e Céu que guardou teu dispor
Ardor que enobreceu teu beijo tão frio

Ouve as águas desse mar, exaltadas
Voam brisas que das pedras desgarradas
E posso Servo, posso Rei e Imperador,

Que faz vir, dessa alma, a voz além da dor.
Que a Roma Inversa foge da morte
Por mais Ulisses que esse mar deu a sorte

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

o mundo visto

Mundo sem seres nem gentes
Mundo de teres, cegos crentes
Inferno vaidoso e avarento
Coro triste da moeda ao vento

Mundo alegre depressivo
Rei democrata opressivo

Mundo humano descrente
Aborto vivo, povoado e carente
Pobreza rica de bíblias e cruzes
Perdão mentido sujo de Deuses

Mundo reza gírias romanas
No eco surdo das fés profanas
Mundo sem seres nem gentes
Mundo de egos deprimentes

Mundo Nazi, mente judaica
Fé cristã em terra islâmica
Passos nobres alma plebeia
Escravos livres branca plateia

O tempo passa a razão arde
Os passos, cansados, da vida perde
sentidos ganham essência... enfim,
Horizontes mortos que se vê o fim

Nem todo mal é mundano
só alastra com o humano
só prospera crias fúteis
de desígnios telos inúteis

Nem todo mal é mundano
só alastra com o humano
só é praga bem semeada
só é crença bem amada

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Dos Poetas e dos poetas, não sou deles nenhum

Dos Poetas e dos poetas
Não sou deles nenhum, sou simples
Desconhecido perdido entre as virgulas

Dos Pessoas e “dos” pessoas
Sou uma das pessoas que nem simples
Caibo numa virgula do Pessoa

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O amor e todos os sentimentos são simples

O amor é simples, a vida e todos os sentimentos são simples, são ridículas e por vezes são rudimentares. E tudo isto vira um monstro sagrado quando entra na massa cinzenta de um Homem. Todos os pedaços caídos viram muralhas gigantescas e os sentimentos, que nem tamanhos têm, ganham dimensões e prospecções que alastram como um cancro. O ódio cega-nos, tal como a alegria, o amor, o desprezo e qualquer outro sentimento minúsculo. Quando tudo pode ser simples como todos eles o são. O “monstro” somos nós, os sentimentos são as armas que nos destroem e são perigosos por serem abstratas e indestrutíveis. Quando entram na mente humana ganham corpos e tornam perspicazes, temíveis e imortais. O Homem é o estimulante dos sentimentos, apanha qualquer um deles pela avenida e torna o na maior cidade da sua mente e a partir daí cria canais de comunicação entre si que depois poderá culminar na sua autodestruição… tudo em busca da felicidade eterna que nenhum Homem jamais chegará.

domingo, 29 de setembro de 2013

Turbulentos passos do Outono

Turbulentos passos do Outono
Oiço vozes no brado dos ventos
À janela, vejo olhos aos céus, aos Santos, atentos
Aos saltos dos gritos do mais cedo inverno

Vejo passos apressados nas calçadas da rua
Ao som do toque do hino dos céus
A chuva essa, miudinha, é o som dos anjos meus
Soprado ao vento tenra e crua

São águas perdoadas do invisível paraíso
É o Outono, a fera das águas divinas
Ou a carta palhaça das topadas cretinas…
É a dúvida sonolenta, se é castigo ou acaso  

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O dia que me mataram, eu nasci

No dia que me mataram,
                                              eu nasci
Num bosque sombrio ao céu aberto,
                                              eu nasci
Em qualquer hora que fosse, não sei,
                                              eu nasci
Virado pró luar que rasgava o Deus,
                                              eu nasci
Do ar da moça que aroma a delírio,
                                              eu nasci
Dos pecados ténues da boda do vento,
                                              eu nasci
De todas as maneiras me mataram,
                                           e eu nasci,
Jamais morrerei sem viver, por isso,

                                              eu nasci

domingo, 22 de setembro de 2013

O alívio que sangra da traição

O alívio que sangra da traição
Das mãos do Diabo, da cruz do perdão
Despidos tão nus como o Outono
Em dúvida sem voz, pálida e átono

Vejo sangue que o vermelho impera
Da imundice que a baixaria venera
Do terror do abandonismo em massa
Nos olhos deste furacão vil que passa
 
Não vejo lágrimas nem a sua sombra
Não sou abandono, tão pouco sua penumbra
Não choro à meias, à metade, às gotículas
Choro por causas inteiras não ridículas

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O silêncio piedoso

Que não seja a luz dias desses
O norte entre os olhos que me vêem
Os sangues meus… meus são em dias que não esses
Correndo em veias do desamor que as bocas têm

Resta-me a mordaça
O silêncio piedoso entre os lábios
Restam-me mais… mais, que não só a raça
Silenciosa que me impera, mas a dos sábios

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Soneto Perfeito

A perfeição me apavora
A alma perfeita é deserta
Dito isto, talvez eu seja o louco… não de agora
Ou sou o mais lúcido entre a humanidade mais esperta

Um vento que corre sem o que levar
Nem o nada… A perfeição é branda
Desanda tudo em que o louvar
Possa fazer o valor do tempo que anda

Possa fazer um momento valer um tempo
Como o abraço da imperfeição às vidas
Não as falhas fatais, mas as mais sentidas

A perfeição não faz a vida perfeita
Não é que dela sai a vida o sabor do desnorte?
E a vida sem erros é uma morte

sábado, 10 de agosto de 2013

Rasga o céu de Lisboa, a saudade

Rasga o céu de Lisboa, a saudade
Que seja negra ou azul do que veste
Suporta o peso, ó cidade lusitana! Da dor que deste
A este servo dentre tanta humanidade!

Giras, ó tempo, em voltas estúpidas
Mortas e retardadas, levas tudo e nada volta
Em movimento ilusório da evolução que me escolta
Quando varres as minhas nobres lembranças vividas

Quando lágrimas caminham vivas
Pelos mortos tempos sentimentais
Pelas dores saltitantes que voltam jamais
Crivadas pelas partes das almas mais primitivas

O claro que assoma em nada luz, senão o escuro

A noite brilhava para mim no escuro
O claro que assoma em nada luz, senão o escuro
Do que vi mais belo entre toda a escuridão
Que belo é nem sempre, não sendo a parda noite aquela.
Em cada escuro alterna o brilho a muitas voltas
E as voltas que eu virava, o brilho estava a cada canto
Até o mais negro céu, que vi jamais, brilhava desprovido dos astros
- Afinal eram os teus olhos
As luas da minha noite mais parda
Os astros que faltavam à esfera celeste da minha vida
Que a noite rende à sua escuridão mais assombrosa
Perante a divindade da luz brilhante dos olhos da minha paz
- Eram os teus olhos
Os faróis dos meus passos tortos e sós
- Afinal, eram os teus olhos
A companhia que freia as minhas noites mais turbulentas
Que ilumina o amor que largo ao vento pelos tortos caminhos
Queimando as mãos erradas que o acolhe
- Eram os teus olhos
Os laços que prendem qualquer noite que me assombra

domingo, 4 de agosto de 2013

Quando perceber a minha alma, serei feliz

Quando perceber a minha alma, serei feliz
Não sei se faço tudo para o perceber, talvez nem fiz
Ou só quis saber, quando num sonho me vejo morrer
Mas por onde andou a minha alma, para que eu morra sem saber?!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Não devolva as dores que não minhas

As tuas mãos adeus me deu que não o tempo
Será mesmo o que seria…?
O tempo nos diz o que será… não nos faz viver o que seria
Diz que as maiores dores são as dores não vividas
E foste… levando às costas contra o tempo
Todas as dores que reuni para viver

Creio que voltar irás…
Trazendo os laços das dores que enlacei,
Sejam quantas forem os nozes que dei
Hei eu de os saber desatar
E libertar as dores que quero abraçar.

Não devolva as dores que não as minhas
Não o desamor que não dei, nem as fiz
Enquanto do teu amor aprendiz
Traz-me os laços daquelas dores
Aromado às rosas dos amores

Traz meu sossego, que entre as dores foi
Quero-o nos meus braços como nunca
O tempo jamais me faria viver o que seria
Traz as minhas dores pra que ele me diga ou dirá
O que foi ou será

terça-feira, 30 de julho de 2013

Pra que me queres, ó tempo

Pra que me queres, ó tempo...
Se o tempo que quero
Desmorona a cada tempo
Do meu querer!

Pra quê algo me dás, ó tempo...
Se com o tempo darei
Ao mundo, que nesse tempo
Me toma tudo que não dou!

Pelo quê me tens, ó tempo...
Se com o tempo não terei
Tudo que o meu sacrifício teve
Pra se ter tudo no tempo!

Pra quê contigo lutar, ó tempo...
Se me vences várias lutas em cada tempo
Sem me dar o tempo de não lutar! Que me
Resta lutar comigo mesmo em vários tempos
E ganhar em cada tempo uma luta
Que perdi com o tempo

Pra quê então me queres, ó tempo...
Se o tempo que quero
Desmorona a cada tempo
Do meu querer!

domingo, 28 de julho de 2013

Dentre o amor e o amor, a ti escolho

Dentre o amor e o amor, a ti escolho
O termo atenuante das minhas preces
Não quero o amor que desmereço
Nem um merecido amor que me desvaneça
Só, agora, não te juro amores sem fim, paixões fraternas
Porque amor é guerra que se perde em juras eternas

Dentre os Homens:
Não há nada mais eterno que o agora
Nem há nada mais perfeito que a imperfeição
Então só quero a ti, imperfeita e agora, em terras estranhas
Do arco iris o paraíso entre os montes,
A melodia, aromática, dos pássaros entre as pontes
E o cântico hipnótico dos teus lábios nos meus ombros

O "Pecado"

A mais doce da sua fruta, Sintra me deu
A mais proibida ser não podia,
Que faz-me do sonho a proeza de um viver
Traçado em riscos de sorrisos ténues, curtos e doces
Disfarçando por entre as folhas
O açúcar inerente do pecado que me consome

O sabor atrás se esconde da bela cor
Morena é a moça que me trouxe dela
Do aroma frágil do ar da beira do Porto de Sintra

Dos sabores mais ardentes
Que viçam em lábios a cada beijo,
Ó alma minha! Ó alma minha!
O paraíso a porta se assoma…
Cabe a mim, sem deixar a alma à porta, nela entrar

Ah, que mais doce proibição!
De que água bebeste tu
Pra seres a sede que os meus lábios veneram!
De que água bebeste tu!
De que água bebeste, ó moça!
Para que alma minha vulnere a tua ausência


Não existem pessoas boas ou más


Não existem pessoas boas ou más. As pessoas são sempre “pessoas” caracterizado pelos seus atos. Os heróis de hoje podem ser os vilões de amanha, as pessoas boas pra mim podem ser más para as outras… mas nunca deixam de ser pessoas para serem animais, no sentido literal da palavra… de maneira que o único padrão que define a pessoa é a própria pessoa, os atos são apenas detalhes.


Penso que sim

Não somos juízes de nada neste mundo

As religiões são campos abstracto e relativos... Mas eu vejo a diferença entre um MUÇULMANO e um CATÓLICO, ou entre outros praticantes, como a diferença entre um FÍSICO e um TÉCNICO DE MARKETING. Cada um com as devidas crenças e virtudes aplicados em campos diferentes… Mas sendo ambos pessoas. O que nos iguala é o facto de sermos pessoas e o que nos diferencia, e acho bem, é a forma diferente de sermos pessoas.
Aderir à religião é um ato de acreditar, tal como ser ateu também o é, e ninguém deve ser julgado por isso. Primeiro porque não somos juízes de nada neste mundo, apesar de alguns julgarem ser. E segundo, porque acreditar é a razão da vida… quem não acredita em nada não tem razão de viver.
Não somos juízes de nada...somos todos jogadores neste mundo. Uns mais habilidosos que outros, mas nenhum fica nesta equipa para sempre. E sendo assim, cada julgamento feito aos outros, damos uma sentença a nós próprios...

sábado, 27 de julho de 2013

Sou maior que o mundo, porque cabe na minha alma por inteiro

Digo como se não fosse verdade
Como se dentro de mim não coubesse
O mundo por inteiro
Como se não vulnera a minha alma tão grande
Este antro de causas perdidas
Como se não fosse eu maior
Que este mundo que cai aos pedaços
Dissecando em mim, fria, lenta e podre
Todas as marcas dos males das dores mundana

terça-feira, 23 de julho de 2013

O dom que tenho é não ter dom nenhum

O dom que tenho é não ter dom nenhum,
E sei que o bom do que escrevo
É não ter sentido nenhum…
É o mistério que nem eu sei
Porque não sei coisa nenhuma

Deito me num mundo
E as palavras me cobrem…
Não as aceitava se tivessem sentido
Nem se eu tivesse qualquer dom
Mas sou um dom nenhum,
Entre o que as palavras me dão

São ridículas aquelas que me chegam,
Não as seriam se tivessem sentido,
Não as posso dar, porque eu não tenho sentido
Sou a vida, o amor e os sentimentos…
Que são ridículos como elas

domingo, 21 de julho de 2013

A vida é bela, e só a bela não sabe dela

a vida é bela,
e só a bela não sabe dela
quer que cabe nela o fácil,
o dócil que sabe dela o mel,
e a dada vida por Deus a ela
mal sabe ela que é a mais bela

dela a sentinela cobre a bela
mal sabe ela que é a mais bela
que a vida é bela e dádiva que sela
amor daquela qualquer bela…
e só a bela não sabe dela
que a vida é bela,
e que nela ela é a mais bela

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Eu acredito em Deus, mas não acredito por acaso

Eu acredito em Deus, mas não acredito por acaso. Acredito porque: basta olhar para a Natureza para ver a perfeição da ligação dos organismos vivos, em que os “bons” e os “maus” ajudam-se mutuamente para um equilíbrio do ecossistema, tudo perfeito. É só olhar para um ser humano e ver uma verdadeira maquina a funcionar constantemente em torno de uma ligação entre as ações, o sistema nervoso e o cérebro. É só olhar para um ser vivo qualquer e ver que cada peça do seu corpo tem uma função e que nada num ser é por acaso ou inútil. Multiplicarmos em torno de um padrão genético (o DNA) de uma linhagem evolutiva herdada dos nossos antepassados, onde nenhum de nós é igual, nem os gémeos monozigóticos. Onde os desenhos feitos pelas papilas (impressão digital) serem únicas e exclusivas de cada ser em todo o planeta. É por tudo isso que digo que não somos nem nunca poderíamos ser uma obra do acaso. A natureza é fantástica, Somos incríveis e fantásticos porque somos filhos dela e emanada por Deus.
- Pena é sermos como um piano que de vez em quando se desafina e precisa de reparo. Mas esse é o desafio, é esse reparo constante que faz a vida valer a pena – mas isso não tira o brilho de uma coisa fantástica que é a Natureza e que acredito ter a mão de algo superior.


domingo, 14 de julho de 2013

A ilusão de que há uma eternidade para amar

Quantos amores hão de perder
Na ilusão de que há eternidade para amar?

Quantos amores, Deus, se iludem
Quando podem desabraçar do tempo
E amar em nenhuma eternidade…

Quantos, meu Deus!
Quantas mágoas em saudades perdidas
Hão de se afogar na desilusão de terem feito nada
Perante a eternidade hipotética

Se esta for minha – a eternidade não tomará
Mas quantos amores hão de perder
Quando, por não eternidade, viramos tantas!

Quantos, oh Deus
Quantos amores se esquecem…
Se esquecem…
Se esquecem…

Quantos amores hão de perder,
Quantos, meu Deus!
Quantos, meu Deus!
Hão de ver que somos a estrela cadente
Nos céus do tempo, tão breve e ardente

Hão de ver que a vida é breve,
Que somos tão breves que o amor nos escapa
Na esperança de vivê-la eterna.

Se em tempo certo não amarmos
Quantos amores hão de perder!
Quantos amores hão de perder!

sábado, 22 de junho de 2013

Incerteza

Entre as folhas do prédio da cidade
Caem minhas incertezas das mãos de Deus,
Entre os ares pardo da negra rua, olhos meus
Giram, despedaçados, em órbita da divindade

Pontas soltas da incerteza, e tantas,
Atordoam-me ao léu do vento
A cada semáforo que cruzo, invento
Termo do incerto em horas santas

Não santas são as horas escuras,
Acordado do sonho em plena rua
Onde já vejo gentes e a cidade nua
Sem certezas para as minhas curas

E deparo com as folhas dos prédios da cidade
No chão envolto aos meus passos
Em sombras que se cruzam em laços,
E o semáforo verde, como campo da liberdade

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O raiar do dia que vi amanhã

O raiar do dia que vi amanhã
Quando a bruma ainda cerrava,
Frio é o calor do tédio que brotava
De mim fazendo modesta a manhã

Vi o amanhã em pleno Sol ardente,
Quando já a noite caíra,
Levantei em busca da bela lira
Que escrevera em solidão anuente

O que sentira ditava o tempo apenas,
A solidão anuía à sua vontade,
Da minha lira era o mecenas

Da lira que me prosperava
Vendo o raiar do dia amanhã
Quando lia a bela que amava

domingo, 9 de junho de 2013

As cinzas no céu

       As cinzas no céu
no largo do acento divino
vejo como que as almas cinzam
       Em preparo do dia do réu

      vejo agonia entre os ares
do branco do meu papel e o escuro
das almas sujas em lamas feitas
      na terra e nos mares

      e cai em lágrimas o desdizer,
pelas nuvens agoniadas neste dia,
logrando as flores que vejo daqui
      e a primavera condizer

     com o cinzado dia, não condiz
mas as flores brotavam primavera,
certo o orvalho amanha haverá
     tanto nas rosas, jasmim ou lis